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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

SEMANA 1

Há quem diga que na vida tudo se aproveita, mesmo aqui nesse mundo protegido do mundo lá de fora, enquanto o mundo lá de fora é protegido das pessoas que estão aqui. Mesmo nesse ambiente obscuro para tantas pessoas, podemos aproveitar, observar, rir e aprender. Se realmente estivermos dispostos a observar e tirarmos proveito desse momento (ambiente), podemos até nos divertir. Boas risadas aqui não faltam, são tantos tipos, tão ricos, juntos num mesmo espaço. Essa mistura toda acaba se transformando numa grande e gostosa comédia.

Esses formam o grupo dos suicidas.

Tem uns que vivem pedindo para medir a pressão com medo de ter um troço e morrer de uma hora pra outra. Isso é compreensível? E para morrer precisa ter hora marcada? Tem a moça que vive dando gargalhadas por qualquer motivo, ou até sem motivo, mas que ao sair de licença passa dois dias em casa chorando.

-Psiu! Esse é o modo de começar uma conversa. Isso mesmo, falar bem baixinho, esconder tudo embaixo do lençol. Trocar as palavras como se fossem códigos.
- Na hora do almoço diga que vai jantar, para despistar "eles".
Ah! Meu Deus, passou um dia inteirinho caminhando pelos corredores a chamar por esse nome: - Napoleão! Napoleão!
Aos 50 anos.
- Sou uma pessoa muito pudica. Só me consulto com ginecologista mulher, até o Dr. Fulano, quando eu tive hemorróidas foi muito respeitoso.
- Eu só tive intimidade com um homem quando eu tinha 26 anos. (Choro compulsivo)
- Mas eu ainda vou casar. Ao entrar uma paciente nova, uma paciente distraída diz:
- Coitada da moça, o que será que ela tem? Alguns olhares se cruzam, ninguém fala nada... - Se Deus existe ele colocou aquela imbecil aqui para me ensinar duas coisas: 1º Têm pessoas que desejam ser insuportáveis. 2º Eu tenho o direito de não suportar certas pessoas.
Paciente nova invade, durante a madrugada o quarto de dois outros pacientes que estavam dormindo. Depois de devorar três pratos fartos de repolho, o rapazinho foi descansar um pouco. Foram tantos os alívios de seus gases ali dentro, mas logo entra a enfermeira e reclama do mal cheiro no quarto. Muito esperto, na hora do aperto, saía para o corredor e se aproximava de alguém para aliviar-se disfarçadamente, deixando assim a culpa e o constrangimento por conta de quem fosse... "Pum no quarto e depois no corredor".

Texto escrito por Laura Martins

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