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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Quase Herói.

Dias e dias ele deixava-se acompanhar com o olhar aquelas pessoas que iam e vinham como se fosse um formigueiro.
Ele observava, todos os dias elas estavam lá. No seu olhar curioso e atento não havia rostos, muito menos nomes. As cores também sempre se misturavam; verdes, azuis, amarelos, marrons, vermelhos e outras cores que se misturavam todos os dias e que sumiam todas as noites. Nada mudava, tudo se repetia, rostos, cores e o "zum zum zum" que ele ouvia e nada entendia. Ali recolhendo moedinhas com suas mãos esticadas comprava o pão e a sua cachaça, era o único que ali permanecia. Dormia embaixo da marquise, protegido por caixas de papelão. Uma coisa ele não tirava da cabeça, ficava horas pensando pra onde iam aquelas cores e aqueles rostos. Onde se esconderiam?
Um dia reduziu seu pão e comprou mais cachaça, não por vício, mas por necessidade, pois o frio era intenso e outra maneira não havia para se aquecer. Durante a noite fez uma grande descoberta, viu que todas aquelas pessoas entravam em grandes buracos e se escondiam ao anoitecer por medo do escuro. Na noite da descoberta ele se sentiu o homem mais corajoso que existia. Só ele, feliz e um quase herói.
Escrito por Laura Martins.

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